Você ainda terá um chefe chinês
Em suas primeiras semanas no escritório paulistano da ZTE, fabricante chinesa de equipamentos de telecomunicações que fatura 200 milhões de reais no Brasil, o engenheiro Fabiano Chagas, de 38 anos, achava estranho ver os colegas tirando cochilos na empresa após o almoço.
Às sonecas, somaram-se outras peculiaridades, como o fato de os chineses serem muito fechados quanto à vida pessoal e terem um forte sentido de hierarquia. “Como já havia trabalhado em multinacionais, aprendi a lidar com o diferente. Esse aprendizado foi importante”, diz Fabiano, que trocou o emprego numa multinacional canadense, há um ano e meio, por um cargo e um salário mais altos na ZTE. Hoje, seu chefe direto é chinês e eles se comunicam exclusivamente em inglês. “Há uma grande distância cultural entre nós, mas também há um esforço de aproximação”, afirma.
As experiências vividas por Fabiano deverão ser cada vez mais frequentes no Brasil. Isso porque as empresas chinesas estão em franco processo de expansão por aqui. De janeiro a abril deste ano, elas investiram 5,6 bilhões de dólares em fusões e aquisições em território brasileiro.
Como boa parte das multinacionais da China tem se estabelecido no Brasil — e no mundo — por meio de fusões e aquisições, os profissionais devem estar preparados para, no futuro, ter um chefe chinês. Vale lembrar que, de 2016 até agora, os chineses compraram não só pequenas e médias empresas mas também alguns pesos-pesados, como o clube de futebol italiano Milan, a gigante suíça de sementes Syngenta e toda a divisão de eletrodomésticos da americana General Electric (GE).
