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Por que se sentir insatisfeito com o trabalho pode ser algo bom



Você está infeliz com seu trabalho? Não vê propósito no que faz? Sente que está desperdiçando seu talento? Você não está sozinho – e isso não precisa ser algo necessariamente ruim. Ao menos, essa é a visão de Marcelo Cardoso, ex-executivo de recursos humanos da Natura e fundador da consultoria Chie Integrates. Para o especialista, é na insatisfação que vive a energia para mudanças.


No seu negócio, Cardoso conduz treinamentos de recursos humanos para startups e grandes empresas. Ele não quantifica, mas diz que, nos quatro anos de Chie, já treinou milhares de pessoas em startups no Brasil e nos Estados Unidos, ou em empresas como Vox Capital, IBM, além da própria Natura.


Durante esse período, percebeu que o mundo corporativo passa por uma transição. As empresas têm dificuldades para compreender os desafios do novo momento da sociedade, que enxerga o trabalho de maneira diferente. “O que significa engajamento em um mundo no qual emprego não é mais o eixo central da vida?”


Muito por conta desse viés, está cada vez mais comum ouvir relatos de insatisfação no almoço com colegas de trabalho. Dependendo do caso, esse tipo de comportamento pode representar inquietação. “Se a pessoa se sente insatisfeita, ela está preocupada em mudar e tem energia para isso. Nesse contexto, a insatisfação é saudável.”


“Estamos questionando os novos códigos e paradigmas de relação das pessoas com trabalho.” Há, nesse novo momento, a exigência de um modelo capaz de atender a mudanças técnicas, como a chegada da inteligência artificial, além da forma como millenials encaram o emprego. “O modelo meritocrático está se esgotando e deixando pessoas doentes”, afirma.


Propósito


Agora, a palavra de ordem muda de produtividade para propósito. Ou seja, a sociedade começa a se interessar pela sensação de autonomia, aprendizagem e significado no trabalho. “As empresas estão com dificuldade para criar esse contexto. A ansiedade é inevitável para quem vive no meio dessa confusão. Daí que surge a insatisfação.”


Nas startups, falta maturidade para lidar com essas mudanças. Marcelo chama atenção para casos de empresas que crescem rapidamente demais, descuidando de alguns aspectos relacionados a recursos humanos. Mas há o outro lado da moeda: é um modelo mais aberto a tentativas e erros.


Há saída?


Não há resposta fácil para quem procura alternativas para dar fim à insatisfação. Nessa transição, há caminhos a se seguir. “Acho que é uma dança de adaptação entre as pessoas e as empresas”, diz. Do ponto de vista de RH, olhar para desafios como engajamento de pessoas, cultura organizacional e diversidade são um bom jeito de começar.


“A cultura deve abraçar a diversidade. É preciso um olhar mais antropológico.” Do lado organizacional, Cardoso vê com certo receio o que chama de “febre do ágil”. “Esse é sinal do desespero por modelos que vão além da ideia tradicional de hierarquia. É uma possibilidade, não a única.”

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