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Empresas usam Tik Tok, WhatsApp e outras redes sociais para recrutar: como se preparar?


Recrutadoras dão dicas do que fazer para conquistar o empregador

 

SÃO PAULO – A fabricante de alimentos Nestlé anunciou que contratará um novo funcionário usando, em uma das fases do processo seletivo, a plataforma Tik Tok, aplicativo que permite a gravação de vídeos curtos, geralmente com dublagens musicais.


Na prática, o candidato precisa fazer um vídeo de 60 segundos contendo uma música que o representa, uma breve descrição pessoal e profissional, por que quer concorrer à vaga e o que pode agregar à jornada de fortalecimento da marca e crescimento do negócio.


A Natura, uma das maiores empresas de beleza do mundo, também usa as redes sociais como uma etapa de seus processos seletivos. “Implementamos esse formato na Jornada de Seleção de Estágio, quando as inscrições ocorrem através do chatbot”, conta Mariana Talarico, diretora de RH da empresa.


Os candidatos usam uma plataforma como o Messenger ou o WhatsApp, por exemplo, para conversar com o chatbot, que é uma espécie de robô que traz algumas perguntas determinadas para os candidatos – é uma forma de agilizar a inscrição.


Há várias maneiras de as empresas incluírem as redes sociais no processo seletivo, mas fazer uma das etapas do processo por meio de um vídeo em alguma plataforma é uma das mais comuns.


Entre as diversas formas que as redes podem aparecer no recrutamento, Luana de Paula, diretora da Cia de Talentos, conta que já lidou com processos seletivos que pediam vídeos até pelo WhatsApp. “A empresa pedia um vídeo de apresentação pelo WhatsApp e o candidato enviava. Era uma apresentação”, diz. É uma maneira de se aproximar do candidato mesmo virtualmente.


Como se comportar ?


Carla Biasi, gerente da Page Outsourcing do Grupo PageGroup, explica que cada vez mais os candidatos precisarão se preparar para “serem autênticos”.


“Hoje, as empresas buscam conhecer o candidato na íntegra, querem entender quem é o indivíduo para ficar mais fácil avaliar se a pessoa se encaixa com a sua cultura. Por isso, observar as redes sociais e fazer etapas do processo por meio delas é uma saída para ver como o candidato se comporta fora da sala da entrevista”, diz.


Na hora de preparar o material para o processo, a recrutadora explica que o candidato precisa se preparar em relação ao ambiente que está e, só depois, em relação ao conteúdo. “Então, se for gravar um vídeo, preste atenção onde vai gravar, com que roupa, pense nos gestos e elaborar como vai se expressar para responder todas as perguntas, além de ser sucinto. Não existe certo ou errado, mas sim estar de acordo com a vaga e a empresa que busca”, afirma.

Maria Eduarda Silveira, gerente de recrutamento da Robert Half, explica que o candidato precisa se apresentar de maneira que a pessoa do outro lado queira contratá-lo. “Isso também vale para entrevistas presenciais, mas a ideia é: quem é você? Mostre que agregaria no ambiente do trabalho, foque na sua carreira e não vida pessoal. Comente sobre hobbies que mostram que você gosta de aprender e de desafios”, diz.


Segundo Carla, os candidatos vão se deparar com cenários diversos e com usos diferentes das redes. “Por isso, a pessoa também deve fazer a lição de casa, estudar a empresa para estar ciente do tipo de cultura e entender o público que vai receber o material. Uma startup tem uma cultura diferente de uma multinacional”, afirma.


Maria, da Robert Half, explica que o segredo é sempre manter o tom profissional. “O candidato não pode achar que só porque fará uma etapa usando uma mídia social o processo é ‘descolado’. Você está sendo avaliado o tempo todo, é algo sério, adote um tom formal”, explica.


No dia a dia, também cria-se um dilema: como se comportar nessas plataformas que misturam vida pessoal e profissional?


De maneira mais geral, as empresas não decidem se vão contratar o profissional devido a alguma atitude específica. “Não é objetivo desse jeito. Mas a tendência é as empresas avaliarem o comportamento dos candidatos em um ambiente diferente da sala de entrevista – e as redes sociais são uma opção”, diz.


No entanto, “a partir do momento que a pessoa está em uma rede social, ela está exposta”, alerta a recrutadora. “Qual mensagem ela quer passar a partir disso? O que ela vai expor? Compartilhe informações que te deixem confortável”, diz Maria.


Outra dúvida que pode surgir é em relação a manter as redes sociais abertas ao público ou fechadas, algo que as especialistas afirmam estar a critério de cada um.


“Se a pessoa está em um momento de procura de novas oportunidades e compartilha coisas que agregam a vida profissional pode ser útil deixar aberto”, diz Carla. “A rede social é uma ferramenta para as empresas e não o único meio que usam”, explica.


Luana, da Cia de Talentos, diz que as redes sociais também pode ser usadas para ‘aparecer’ para a empresa. “A dica é interagir com a página da empresa. Acompanhar as postagens e se engajar, ir conhecendo a empresa, seus valores e cultura”, diz.


Por que usar as redes sociais no recrutamento


Luana diz que as redes sociais ainda são mais usadas como estratégia de “employer branding” do empregador. “É uma maneira de comunicação para expor a marca e atrair engajamento dos funcionários. Toda empresa hoje sabe que é importante ter esse pilar bem estruturado”.


Segundo ela, as empresas usam a rede social para mostrar mais do seu dia a dia, dos seus valores e sua cultura. Por vezes, fazem vídeos com seus profissionais contando a rotina e promovendo a empresa. “É um caminho sem volta. As redes sociais estarão cada vez mais presentes no recrutamento”, afirma.


Da fato, a Natura usa as redes sociais para divulgação e comunicação dos processos seletivos há algum tempo, segundo Mariana, diretora de RH da empresa. E ela acredita que começar a pensar em dinâmicas diferentes na hora do recrutamento não é “inovar por inovar”.


“Colocamos o indivíduo no centro e, conhecendo cada vez mais as suas necessidades e comportamentos, partimos para a concepção de ideias e de soluções que melhorem a sua experiência ao longo dos pontos de contato da jornada. Nesse caso, a solução foi tecnológica e gerou impacto positivo na rede”, diz. A empresa de cosméticos começou a usar o chatbot em 2018.


A gerente da Page Outsourcing explica que esse apetite por inovação e novas formas de contratação também tem a ver com o tipo de negócio e a vaga disponível. “Geralmente, empresas de tecnologia ou mais algumas mais despojadas tendem a oferecer processos que reflitam sua cultura. As redes sociais compõem alguma parte do recrutamento, podendo ser um filtro que elimina candidatos ou uma etapa de análise”, diz Carla.


Maria Eduarda Silveira, gerente de recrutamento da Robert Half, explica que, como primeiro contato, as redes são ricas. “Habilidades como saber se vender, comunicar, priorizar informações, autenticidade, criatividade, entre outras coisas podem ser indicadas em um vídeo do Tik Tok ou no Instagram, por exemplo”.


No caso da Nestlé, a escolha pelo Tik Tok foi uma estratégia do time Nescau. “Hoje é uma ferramenta muito utilizada pelos jovens. Buscamos pessoas abertas ao novo, curiosas, conectadas, flexíveis, que topem participar de projetos inovadores, além de enxergarem tendências e percepções para ter um relacionamento ativo com outras áreas da empresa. Um vídeo de apresentação no Tik Tok vai em linha com essa ideia. Atuamos para avançar ainda mais no fortalecimento da marca”, explica Abner Bezerra, Head de Marketing de Nescau e Bebidas da Nestlé Brasil.


Bezerra acredita que esse tipo de recrutamento poderá ser adotado em outras oportunidades. “Essa experiência será um importante aprendizado para avaliarmos formas de inovar em recrutamentos e em meios de interação com candidatos”, diz.


Na Natura, além do aumento do alcance, a forma como a empresa utiliza as redes sociais aumenta a assertividade desse matching nos perfis dos inscritos, segundo Mariana.


“E, ainda, agrega diversidade ao processo, uma vez que linguagem e usabilidade se tornam acessíveis às maiorias e também inibe quaisquer vieses de preconceito e exclusão. Com as redes sociais, tivemos recorde tanto em número de inscritos em nosso programa de estágio ao longo do último ano [mais de 19 mil, quase o dobro no comparativo com o ano anterior], quanto na diversidade dos contratados [51% de todos os estagiários contratados são negros]”, explica.


No fim das contas, a tendência que fica é a inovação no processo seletivo. “Cada vez mais as empresas vão fazer uso de ferramentas tecnológicas para contratar. Modelos diferentes do padrão antigo, em que a sala de entrevista era a principal etapa, começam a surgir como a gamificação, vídeos, e outras formas criativas de achar talentos vão ganhar espaço”, diz Luana.

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