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Ser criativo não é 'dar jeitinho'


A criatividade é uma habilidade - e não um dom. Logo, pode e precisa ser desenvolvida com treino e prática, assim como nossa capacidade física ou aptidão musical.

 

Nesse mês de outubro comemoraremos 112 anos do famoso voo do 14-bis, que colocou o nome de Alberto Santos Dumont na história como um dos maiores inventores da humanidade. Porém, apesar dele e de outros raros brasileiros notáveis, hoje não somos tão criativos como pensamos - tampouco como poderíamos. Dentre as diversas definições de criatividade, a que mais me inspira é a seguinte: criatividade é a habilidade de transformar ideias em realidade, produzindo algo novo de valor.



Existem várias formas de medir e comparar a capacidade criativa dos países. O Índice Global de Criatividade (GCI), no qual não estamos muito bem (posição de número 29), é uma delas. Também não aparecemos numa boa colocação em índices globais de empreendedorismo (posição 98 do GEI), nem em número de patentes. Aliás, nenhum brasileiro recebeu ainda um prêmio Nobel. Afirmar que somos um povo criativo pela nossa capacidade de "dar um jeitinho" apenas propaga o mito. Além disso, tira o foco da fria verdade: no campo da criatividade, nossos resultados estão muito aquém do nosso potencial.


Refletir sobre a criatividade tem sido especialmente importante. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, a criatividade é a habilidade que mais se valorizou no mercado de trabalho nos últimos anos. Após ouvir líderes de recursos humanos e executivos seniores responsáveis pelas áreas de talento e estratégia de 371 grandes empresas globais, que somam no total 13 milhões de empregados, a organização publicou o relatório "O Futuro do Trabalho". Ele aponta a criatividade como a terceira habilidade mais importante para se ter sucesso em 2020 — em 2015, ela ocupava a décima posição no ranking. Aliás, quando se comparam as listas de habilidades mais importantes, não há grandes mudanças entre 2015 e 2020, com exceção de uma: justamente a criatividade.


É importante observar que a criatividade é uma habilidade, e não um dom. Logo, pode ser desenvolvida, assim como nossa capacidade física ou aptidão musical: com treino e prática. Acreditar que essa habilidade é inata não passa de outro grande mito. Todos nós podemos desenvolver nossa capacidade criativa por meio da aplicação de ferramentas e técnicas específicas. Da mesma forma, também podemos escolher fazer parte de grupos e frequentar ambientes que estimulem a inovação.


Seja nos negócios, empreendedorismo, ciência, ou arte, qualquer que seja o campo no qual aplicamos a criatividade, existem práticas simples que podemos adotar para nos tornarmos mais criativos. Estimular a nossa curiosidade através de questionamentos sobre os nossos interesses, praticar associação de ideias não-relacionadas gerando conexões não-convencionais, ou simplesmente perguntar “e se?” com mais frequência são apenas algumas dessas práticas.


Ao desenvolvermos nossa capacidade de criatividade, nos tornamos, sobretudo, profissionais mais produtivos. Aprendemos a começar e terminar projetos, a tirar nossas ideias do papel e trazê-las para a realidade. Quanto mais projetos desenvolvemos, mais oportunidades criamos em nossas vidas profissionais. E, quanto mais oportunidades aproveitamos, mais valorizamos nossas carreiras.


Para transformar todo o nosso potencial criativo em realidade, é necessário nos tornarmos mais produtivos. Ou seja, colocar a mão na massa, realizando mais projetos. E para realizar mais, devemos escolher entre dois caminhos. Um deles é mais difícil, fora da nossa zona de conforto: nele geralmente faltam recursos, falta tempo, exige que tomemos risco e que aprendamos. Já o outro é mais fácil e confortável: basta não fazermos nada de diferente. A soma de nossas escolhas é o que fará nosso país finalmente decolar, como fez o 14-bis há 112 anos, ou continuar plantado no solo, com um grande potencial criativo não realizado.

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